O estado do Rio Grande do Sul vive uma verdadeira mortandade- Levante Feminista Contra o Feminicídio, o Lesbocídio e o Transfeminicídio do RS

Segundo dados levantados pelo Observatório da Lupa Feminista, entre os dias 12 e 21 de abril de 2025, foram registrados 12 casos de feminicídio, sendo a maioria no interior do estado. Durante o feriado da Páscoa, seis mulheres foram brutalmente assassinadas, vítimas de crimes cometidos com requintes de crueldade — por arma de fogo, facadas e estrangulamento.

Entre as vítimas, uma mulher grávida de três meses foi assassinada, e em diversos casos os crimes ocorreram na frente dos filhos, que ficaram como testemunhas de um trauma irreparável.

Este agravamento alerta para a escalada da violência de género e denuncia a inexistência de políticas públicas eficazes de prevenção, atendimento e justiça, num estado em que a cultura patriarcal se manifesta de forma concreta e mortal, como violência misógina.

A resposta do governo estadual limitou-se ao anúncio de melhorias no acesso às Medidas Protetivas, com a possibilidade de solicitação online. No entanto, essa medida ignora o fato de que muitas mulheres não têm acesso à internet ou vivem em zonas onde a conectividade é precária, abrindo uma lacuna grave na proteção das vítimas.

Apesar disso, uma estrutura essencial que deve ser destacada é a atuação das *Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), que funcionam 24 horas por dia em algumas cidades do estado. As DEAMs são a porta de entrada fundamental para que mulheres em situação de violência possam buscar atendimento, acolhimento e segurança. No entanto, nem todas as regiões contam com esse serviço especializado, o que compromete o acesso rápido e humanizado ao atendimento institucional e à formalização de denúncias em momentos críticos.

Outro problema estrutural é a ausência de dados oficiais atualizados e detalhados, o que impede uma resposta qualificada e ágil do Estado. A subnotificação, a falta de transparência e a demora na investigação reforçam a sensação de abandono e desvalorização da vida das mulheres.

Enquanto isso, os movimentos sociais, como o Levante Feminista Contra o Feminicídio, Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres e demais movimentos seguem denunciando e exigindo respostas concretas: mais casas de acolhimento, centros de atendimento multidisciplinar, formação contínua de profissionais da segurança e justiça, e o retorno de estruturas institucionais como a Secretaria Estadual das Mulheres.

Porque cada número nesta estatística é uma vida interrompida.
E cada silêncio institucional é um grito de omissão.

Levante Feminista Contra o Feminicídio, o Lesbocídio e o Transfeminicídio do RS.